O verdadeiro debate

Tenho percebido muitos jornalistas, opinadores e "acadêmicos" brasileiros distorcendo os acontecimentos nos Estados Unidos.

Enquanto grande parte deste blog é dedicado a expôr estas falácias, eu respeito o direito de resposta. No meu ponto de vista, não é ético criticar sem que os autores estejam cientes da existência desta crítica. Por esta razão, decidi notificar os meu alvos de crítica através de e-mail.

Estas pessoas são convidadas a se defenderem. Publicarei os seus argumentos sem restrição de espaço e conteúdo, após verificação que as respostas foram de fato remetidas pelos autores. Lembro a eles que para terem relevância, antes de argumentarem suas ideologias, disputem os fatos se desejam manter credibilidade.

Eu tenho a impressão que poucos irão responder, e os que fizerem, pelo menos demonstrarão que lhes interessam um debate aberto e honesto.


7/9/10

A Capacidade Produtiva de Rodericus Constantinus Grammaticus...Tapirus


 A primeira lei assinada por Barack Obama como presidente chamava-se Lilly Ledbetter Fair Pay Act. Em resposta a uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos contra Lilly Ledbetter, que havia iniciado um processo contra a empresa Goodyear por discriminação salarial. Ledbetter, por ser mulher, recebia um salário inferior a outros empregados executando a mesma função.


O opinionista Rodrigo Constantino, escreveu o seguinte na sua coluna "a funcionária alegava ter recebido salário menor que o dos homens pela mesma função. A essência da nova lei, aplaudida por muitos, pode ser resumida na seguinte expressão: “salários iguais para funções iguais”. A questão que automaticamente surge é a seguinte: quem foi que disse que diferentes indivíduos exercendo a mesma função apresentam o mesmo resultado?". Para ler o artigo clique aqui.


Nesse sentido, concordamos que é não é justo exigir salários iguais a pessoas que apesar de ocuparem a mesma função, são não igualmente produtivas.


O que Rodrigo Constantino não citou, é que a a emenda da lei assinada por Obama, simplesmente modifica o tempo limite disponível para que o discriminado inicie um processo judicial.


No caso de Lilly Ledbetter, a decisão da Suprema Corte Americana considerou o processo inválido porque foi preenchido após 180 dias a ocorrência discriminatória no seu trabalho, excedendo o tempo concedido no Ato de Direitos Civis de 1964. Ledbetter simplesmente não teve conhecimento que sofreu discriminação salarial antes da sua aposentadoria, e quando os fatos foram levantados, os 180 dias limite permitidos no Ato de Direitos Civis de 1964 já haviam excedidos.


É importante notar que o Ato de Direitos Civis de 1964 reconhece a legalidade de diferenças salariais baseadas em mérito e produtividade, portanto a crítica de Rodrigo Constantino lembrando que "o importante para qualquer empresa é a produtividade final", nunca foi desconsiderada, nem por Obama, ou pela lei original, restando aqui perguntar: Onde está o mérito de Rodrigo Constantino?


Economista, formado pela PUC-RJ, com MBA de finanças pelo IBMEC, Constantino simplesmente não tem uma única linha de coerência no artigo. Lilly Ledbetter tinha, tanto que a Suprema Corte não pôde nem considerar a evidência de discriminação, uma vez que a tecnicalidade utilizada pela Goodyear não lhe dava o direito de processar além do tempo limite.


Rodrigo Constantino trabalha para O Globo, e este texto é apenas um pequeno exemplo da sua idiotice. Será que os leitores podem processar O Globo pelos jornais que publicam os artigos de Constantino? Afinal, jornais são comprados com a expectativa que fatos façam parte do seu conteúdo.


Se bem que O Globo pode não ser o culpado, mas vítimas, se o valor pago a Constantino pelos seus serviços ultrapassam RS$ 0.25 anuais. Claro, a PUC-RJ e IBMEC também têm muito a explicar.


Da próxima vez que eu estiver visitando o Rio de Janeiro, talvez eu encontre algum camelô que venda diplomas. Por mais patético e abominável que Olavo de Carvalho seja - e creio que uma lida rápida neste website evidenciaria ser esta a minha opinião honesta - nem ele teria escrito "...indivíduos exercendo a mesma função apresentam o mesmo resultado?", Rodericus Constantinus Grammaticus...Tapirus.

6/6/10

Olavo "KKK" de Carvalho

 David Duke, o reformador da imagem do grupo terrorista e racista Ku Klux Klan

O Diário do Comercio é um jornal Brasileiro que financia o racista profissional, "filósofo" e colunista Olavo de Carvalho, um destes loucos que vêm comunistas debaixo da cama e acusam qualquer um que os criticam de serem marxistas. Felizmente, se o rumo da historia humana for linear, sua memória vai ser ainda mais desprezada quando ele virar poeira. Com exceção dos cultistas estilo Charles Manson brasucas, claro.

Porém, a irrelevância do OIavo de Carvalho não significa que devemos nos silenciar quando somos testemunhas de atos criminosos e perigosos, se é que restaram pessoas decentes na extrema direita para notar isto.

A alguns anos atras, após urinar nas memórias das vítimas de um dos mais violentos episódios ocorridos nos Estados Unidos, o Massacre do Virgínia Tech, que deixou 32 mortos, ele ainda criou ensaios adicionais colocando a culpa em uma professora e poeta negra, Nikki Giovanna.

No artigo publicado no Diário do Comercio, no dia 23 de abril de 2007, com o título "Educando para a Boiolice", ele insulta mortos em sobreviventes, chamando-os de covardes por não terem parado o psicopata autor da tragedia, Cho Seung Hui. Ele atribui isto ao fato de alguns estudantes terem conseguido montar uma barricada na porta da sala onde estavam, antes do assassino entrar, e chama os outros de covardes e boiolas por não terem feito o mesmo. Parte desta acusação deve-se ao fato de não terem se aproveitado do tempo quando ele recarregava sua arma para desarma-lo.

Olavo de Carvalho, deixou de lado informações importantes, como o fato que o assassino tinha mais de uma arma, e que o seu plano iniciou com ataque eficiente contra as pessoas mais próximas das portas das salas de aula, para somente depois entrar em cada sala e exterminar os outros estudantes. Ele também não citou que outros morreram ou foram feridos fazendo justamente o que os mais afortunados tiveram a oportunidade: barricar as portas.

No seu próximo artigo publicado no dia 30 de abril de 2007, ele partiu com um ataque fulminante contra a professora negra Nikki Giovanni, que durante os anos 60 escreveu um poema realmente repulsivo. É claro que o Olavo também deixou de lado que as suas palavras exibiam as frustrações de alguém que presenciou o segregacionismo no auge da violenta repressão contra os direitos civis, e que Nikki Giovanni, a autora, rejeita suas próprias palavras de 50 anos atrás, viajando pelo país e participando de palestras e debates em busca de compreensão e estreitamento das relações entre os Americanos.

Mas aqui está o recheio do bolo: uma pesquisa acidental me levou a descobrir que este material tem incrível semelhança e parece ter sido praticamente colado das paginas da internet de um dos racistas mais famosas dos Estados Unidos, o ex líder e reformador do grupo racista e terrorista Ku Klux Klan, o neonazista David Duke.

Em um artigo publicado apenas 5 dias antes do astrólogo Olavo de Carvalho, o neonazista Americano David Duke produziu um ensaio chamado "Where Cho Was Taught to Hate" (Onde Cho Aprendeu a Odiar). Ambos acusam a mídia de silêncio e acobertamento, e ambos também acusam a professora de ter excitado a violência contra os brancos. Olavo foi um passo a frente e chamou Jesus Cristo de suposto deus dos brancos, o deus das vítimas. Sim, ele usou letras minúsculas e omitiu que entre os mortos havia pessoas de praticamente todas as etnias, incluindo asiáticas, judias, hispânicas, negras, indianas e europeias. (Página dedicada as vítimas do Virginia Tech)

Olavo não produz qualquer coisa de valor ou original, então ele esticou o assunto por varias semanas repetindo as mesmas besteiras como sempre faz: sondando o material produzido pela direita radical Americana e re-empacotando como se fosse seu.

Mas para que não existam duvidas, comparemos um pouco deste material e nos links estão os artigos na integra, onde convido os leitores a tirarem suas próprias conclusões.

"Depois de ler o apelo ao ódio racista e assassínio pela professora estimada de Cho, Nikki Giovanni, você pode adivinhar a quem foi dada a honra de entregar o discurso de encerramento do serviço memorial no campus para os mortos 32 estudantes e professores?
David Duke"

"O assassinato de 34 alunos da Virgínia Tech foi induzido pela pregação homicida, anti-americana e anticristã da professora-ideóloga Nikki Giovanni, mas a própria Giovanni foi depois escolhida pela universidade para fazer o discurso de homenagem aos mortos.
Olavo de Carvalho"

"Nikki Giovanni, por outro lado, é efusivamente elogiada pela mídia...
David Duke"

"(Nikki Giovanni) ...sendo instantaneamente celebrada pela mídia...
Olavo de Carvalho"

"O pavio de Seung Cho foi acendido por atitudes de minorias que legitimaram o ódio e até a violência contra a América e, finalmente, o povo branco que a construiu.
David Duke"

"Do mesmo modo, a pregação da professora Nikki Giovanni que inoculou na cabeça de Cho Seng-hui o ódio aos cristãos, aos judeus e aos brancos.
Olavo de Carvalho"

Os elementos estão todos aí, e no fim deste, os leitores encontrarão os artigos na integra, incluindo o link da pagina original de David Duke em inglês e outra passando pelo tradutor google, que sempre faço questão de publicar.

A Professora Nikki Giovanni

Nikki Giovanni foi a primeira professora que logo viu algo de errado com Cho, e dois anos antes do massacre, recusou a lecionar se ele fosse continuasse na sua classe. Ela descreveu seu comportamento como "ameaçador" e finalmente ameaçou renunciar sua posição até que o problema fosse resolvido. Lucinda Roy, chefe do Departamento de Literatura de Virgínia Tech removeu Cho da classe de Nikki Giovanni.

Durante uma entrevista, Nikki Giovanni me disse que como lecionadora, ela nunca mencionou ou citou qualquer um dos seus poemas ou literaturas nas suas classes, e que o mesmo seria um erro pois em literatura, o aluno não pode ser constrangido a rever material que inibiria o seu senso critico, neste caso, a relação entre aluno-professor. Isto me foi confirmado pelo Departamento de Convalescimento e Suporte do Campus, criado exatamente para ajudar as vítimas desta terrível tragedia.

A verdade é que estes textos escritos por ela nos anos 60 são de fato repudiáveis, e resultado do climático confronto violento entre governos segregacionistas contra o pacifico movimento de direitos civis. Eu não defendo o poema, aliás, nem a autora faz isso, mas é importante mencionar que a brutalidade testemunhada por ela criaram cicatrizes.

 Homem jogando ácido em crianças negras que se banhavam em uma piscina de hotel.

Policiais violentamente agredindo membros pacíficos do Movimento de Direitos Civis

Resta agora saber o por que Olavo KKK de Carvalho resolveu atacar as vítimas e criar culpados ao estilo Charles Manson. Para quem não é familiar, Manson é o psicopata serial killer neonazista, que no fim dos anos 60, ordenou seus seguidores a  assassinarem várias pessoas famosas e escrever frases provocativas com o sangue das vítimas para dar a impressão que o crime foi cometido por negros. Seu proposito era criar um ambiente tenso entre as raças que segundo ele, culminaria na adesão de brancos racistas e não racistas contra os negros, em guerra total.

Minto, qualquer um que sabe somar 2+2, pelo menos imagina as razões que levam o Olavo de Carvalho a fazer estas coisas. Perversão, racismo, falta de caráter e humanidade são possíveis diagnósticos.

Links:

http://www.olavodecarvalho.org/semana/070423dc.html


http://www.olavodecarvalho.org/semana/070430dc.html


http://www.olavodecarvalho.org/semana/070528dc.html

http://www.olavodecarvalho.org/semana/070507dc.html

http://www.davidduke.com/general/2077_2077.html

http://www.davidduke.com/general/2077_2077.html

http://translate.google.com/translate?js=y&prev=_t&hl=en&ie=UTF-8&layout=1&eotf=1&u=http%3A%2F%2Fwww.davidduke.com%2Fgeneral%2Fanti-white-university-professors-and-academicians_3841.html&sl=en&tl=pt

http://translate.google.com/translate?hl=en&sl=en&tl=pt&u=http%3A%2F%2Fwww.davidduke.com%2Fgeneral%2F2077_2077.html

Heitor Queiroga - New York

6/4/10

A Meritocracia dos Oponentes as Ações Afirmativas

Para quem não assistiu o debate sobre as Cotas Raciais no STF, aqui está a análise dos argumentos da oposição.

A Sr. Roberta Fragoso Kauffman ofereceu o seguinte comentário: "Eu não Justifico Cotas Raciais diante de tantos brancos pobres". Martin Luther King Jr nunca disse tal coisa.

 - Em mais recente debate no Programa Fórum, da TV Justiça com o Presidente da Fundação Palmares, o Sr. Zulu Araújo, ela expressou descontentamento com as Audiências Publicas, pois ao invés de ter um numero igual representando os dois lados, das 40 pessoas convidadas, 28 eram a favor das Ações Afirmativas e o grupo oposto não possuiu representação igual. É interessante notar que ela gostaria de ter cotas implementadas em audiências publicas, onde ela se manifesta contra as cotas.

 - Também no Programa Fórum, ela repetiu basicamente o mesmo conteúdo apresentado nas audiências publicas, mas também acrescentou as seguintes afirmações "Nos países que incrementaram politicas de cotas raciais, havia sempre critérios objetivos pra definir quem era branco e quem é negro. Nos Estados Unidos o critério era da uma gota de sangue, o "one drop rule", ou seja, se você tivesse uma gota de sangue, o tataravô do seu tataravô do seu tataravô fosse negro, ainda que você seja loiro dos olhos azuis, até hoje você é considerado negro".

Falso, e parece ser o tipo de comentário feito de absolutos, usado pelo professor de geografia Demétrio Magnoli, o "sociólogo" que fala tanto sobre pardos mas somente enxerga as coisas em preto e branco. Um exemplo disto foi o caso McPherson v. Virgínia em 1877, quando Rowena McPherson e o seu esposo, George Stewart foram condenados por juri por ela ser negra e ele ser branco, mas tiveram a condenação revertida pela Corte Superior, apos ela ter argumentado ter menos de 1/4 de sangue negro, neste caso, afirmando que sua bisavó era "meio índia". O tribunal aceitou a cor da sua pele como evidencia.

http://www.archive.org/stream/virginiareports02jeffgoog/virginiareports02jeffgoog_djvu.txt

 - Ela também diz que "Mandela quando foi solto e eleito presidente da Africa do Sul, a primeira medida dele foi "vamos acabar com este aparteid", não a partir de cotas pra negros, mas a partir da ideia que todos são iguais, que somente assim a gente vai criar uma sociedade em que não haja ódio por conta de cor de pele".

Falso também. Ações afirmativas foram implantadas na Africa do Sul em 1998, assinadas pelo então presidente Nelson Mandela.

http://www.labour.gov.za/downloads/legislation/acts/employment-equity/Act%20-%20Employment%20Equity.pdf

O Dr.  José Roberto Ferreira Militão, que foi Conselheiro do Conselho Estadual de Desenvolvimento da Comunidade Negra do Governo do Estado de São Paulo, disse em sua apresentação "Venho alegar em defesa da dignidade humana de todos e dos afro-brasileiros." e "espero demonstrar que o Estado não pode  impor uma identidade racial que não queremos."  Percebe-se a incoerência?

 - Ele também disse que "Malcolm X, foi executado por racialistas radicais" , adicionando que "Não lutamos por integração ou por separação. Lutamos para sermos reconhecidos como seres humanos. Lutamos por direitos de humanos." e que "Essa foi sua sentença de morte!".

Falso, ele foi possivelmente assassinado por discórdias geradas a partir de denuncias que o líder religioso Elijah Muhammad mantinha relações com suas secretarias e por abertamente critica-lo. Outra possibilidade destas discórdias foram comentários feitos por Malcolm X onde ele insinuou que o assassinato do presidente John Kennedy foi justo, o que criou controvérsia e foi condenado pelo seu líder religioso. (nota-se que apesar do grupo religioso que Malcolm X fazia parte, era e ainda é considerado por muitos como extremista, ele condenou duramente as criticas feitas a um presidente branco que lutou pelos Direitos Civis). As investigações foram concluídas com o sentenciamento dos seus assassinos, sem ser descoberto ligações entre eles e organizações ligadas ao movimento civil. Até hoje permanecem algumas controvérsias sobre a causa do seu assassinato, e infelizmente o Sr Militão se vê no direito de saber mais que a CIA, o FBI e todo o povo Americano.

Faço disponível o número da sede do FBI em Washington DC., caso o Sr. Militão tenha alguma "dica" para solucionar este mistério.

FBI Headquarters in Washington, D.C.  (202) 324-3000 

http://foia.fbi.gov/foiaindex/malcolmx.htm

O Dr. Sérgio Danilo Junho Pena – Médico Geneticista formado pela Universidade de Manitoba, Canadá. Professor da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG e ex-professor da Universidade McGill de Montreal, Canadá; cuja experiencia em audiência publica inclui o senado Americano para um comitê de patentes genéticas (o seu nome não foi encontrado em lugar algum nas paginas do senado americano) que estava ali para (cumpro o meu dever) cumprir com o seu "dever cívico de colaborar como cientista e geneticista" e em critica ao Senador Paulo Paim por exibir emoções previamente, cita que "Vale lembrar que em questões morais e politicas, o papel da ciência é ser informativa e nunca, prescritiva. Em outras palavras, a ciência nunca deve dizer o que deve ser, mas a ciência pode dizer o que não é. Assim, a ciência serve para afastar falacias e preconceitos, e desempenha um papel libertador no exercício das escolhas morais. E a ciência possui uma única ferramenta para cumprir o seu papel: a das evidencias empíricas, ou seja, dos fatos experimentais. Nada mais conta. A ciência nunca acredita só em palavras, ela é sempre questionadora e busca a realidade por trás das aparências, das opiniões, e dos apelos emocionais, que infelizmente são muitos." Logo em seguida ele usa uma foto de propaganda emocional com os dois irmãos gêmeos que geraram polemica no debate das acoes afirmativas, abandonando o seu papel de cientista "buscando a realidade por trás das aparências".

- Ele também apresenta gráficos demonstrando a grande diversidade genética dos brasileiros, obviamente arguindo contra as Ações Afirmativas, e eu gostaria de apresentar algumas perguntas:

- Será que ele esta ciente que a Universidade Manitoba e a Universidade McGill no Canada são participantes do sistema de Ações Afirmativas que inclui as seguintes categorias: Aboriginal; imigrantes, Refugiados, Minoridades Visíveis, e Deficientes? O Doutor também esta ciente que a Universidade McGill implementa este sistema mas nem sequer a reconhece como Ações Afirmativas ou cotas, mas como observação da Carta Regia de Direitos Civis de Quebec, da Canada Research Chair e da Politica de Direitos Empregatícios da própria universidade?

- O Dr. Danilo Pena sabe qual é a definição de "Minoridades Visíveis" e "imigrantes" de acordo com a Carta Canadense dos Direitos e das Liberdades, uma vez que ele fez parte destes dois grupos e certamente foi beneficiado por isto?

- O Dr. Danilo Pena também poderia esclarecer quais são os óculos mágicos acoplados a microscópios e super computadores usado pela sociedade, possibilitando a identificação das pessoas que possuem maior numero de genes africanos para lhes negarem oportunidades em desconsideração aos seus potenciais e méritos?, ou pelo menos admitir que genes pouco tem a ver com este debate, e o fator determinante da discriminação é de fato a cor da pele?

- Com respeito ao gráfico "Ancestralidade de 934 Brasileiros" distribuído aleatoriamente, demonstrando a variedade de miscigenação do povo brasileiro, seria possível fornecer o gráfico de forma não-aleatória, acompanhado da distribuição da educação superior e poder aquisitivo de cada grupo? Seria também possível anexar informações demonstrando em que áreas vivem as pessoas com maior concentração de genes europeus em comparação a aqueles que possuem maior concentração de genes africanos ou ameríndios? Quais grupos tem a maioria dos seus representantes vivendo nas favelas e quais vivem nas áreas mais privilegiadas?

- Finalmente, o cientista diz que não existe relação entre a cor da pele e capacidade intelectual. Sendo o racismo um debate ininterrupto na nossa sociedade, onde estava o Sr. Sérgio Pena durante todos estes anos, ou esta preciosa informação somente se tornou relevante agora?

http://umanitoba.ca/social_work/programs/166.htm

http://www.mcgill.ca/files/senate/D09-21JSBCE.pdf

http://laws.justice.gc.ca/eng/E-5.401/20100314/page-3.html?rp2=HOME&rp3=SI&rp1=visible%20minorities&rp4=all&rp9=cs&rp10=L&rp13=50

O Senador Demóstenes Torres perguntou quais são as  instituições no Brasil que são racistas, e vergonhosamente eu devo dizer que o silêncio dos membros Parlamentares e imprensa em geral, ao comentário que o estupro das escravas era mais consensual faz a resposta obvia. Se isto não é racismo, então estamos sendo governados por políticos que acreditam que o estupro é consensual, algo incomum e rejeitado até mesmo nas penitenciarias.

- Claro que não poderíamos deixar de dar alguns exemplos mais concretos, como o Instituto Millenium, que calorosamente acolhe a opinião de quase todos as visíveis "celebridades" que se demonstram contra as Ações Afirmativas, e também vergonhosamente teve como um dos seus convidados o escritor do livro "A Bell Curve", em português "A Curva do Sino", Charles Murray, que usa pérfida e tendenciosa evidencia para concluir que os negros são intelectualmente inferiores aos brancos. O seu discurso no Instituto Millenium não foi relacionada a este tópico, mas a sua exposição demonstra a sua sintonia com o Instituto Millenium. E para quem insinuar que algumas opiniões radicais de um ou outro individuo não é base para exclui-lo do dialogo, eu pergunto: Quem convidaria um racista tão explicito a sua casa, simplesmente porque deixando o racismo a parte, ambos torcem pro mesmo time de futebol.

- Também citaria o Sr Olavo de Carvalho, "correspondente internacional" para o Diário do Comercio, elogiado diversas vezes nas paginas da internet do Instituto Millenium como "Pioneiro de Resistência digna de nome", "Compatriota Ilustre" e "Brilhante". Para quem não é familiar com o trabalho "pioneiro" de Olavo de Carvalho, aqui está um pequeno exemplo (aviso: material forte, adulto, racista e ofensivo)

http://www.youtube.com/watch?v=sRVZdgtIdtw

http://www.imil.org.br/artigos/socialismo-e-liberalismo/
http://www.imil.org.br/artigos/a-socializacao-do-idiota/
http://www.imil.org.br/artigos/as-tres-solucoes/

Dr. George de Cerqueira Leite Zarur – Antropólogo e Professor da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, disse que "A lealdade aos índios com quem convivi é outro motivo para me preocupar com a política da raça", mas até hoje não se pronunciou publicamente em protesto quando um deputado federal insinuou que o índio "devia ir comer um capim ali fora para manter as suas origens".

- Também no seu discurso ele cita o seu trabalho em na Universidade da Florida, em Gainesville, mas não inclui que o primeiro estudante negro nesta universidade somente foi admitido em 1958, 4 anos apos a decisão Brown v. Board of Education, e mesmo assim de uma maneira não tradicional. George H. Starke Jr  havia servido ao seu país por 3 anos nas Forças Armadas e lutou na guerra da Coreia, atendeu a uma faculdade segregada na Geórgia e mesmo quando ingressou na Universidade da Florida, e segundo ele,  foi tratado pelos outros estudantes como "lepra" e nem foi permitido fazer os testes no auditório com estudantes brancos. Ele persistiu e sua dedicação provou a todos que ele era tao capaz quanto qualquer outro estudante, abrindo as portas para a diversidade, incluindo o Sr. Zarur.

- Em recentes reuniões da American Anthropological Association, a questão central consistiu no intenso emprego de antropólogos em unidades do exército norte-americano no Iraque e no Afeganistão, com o fim de dividir as populações locais. Quais populações locais? Sunitas, Xiitas e Curdos? As populações locais já estão divididas, e a espúria presença de antropólogos que foi devidamente condenada pela AAA fazia coleta de dados culturais a fim de usar a informação como tática de questionamento.

- O Sr. George Zarur também disse: "Em 1974, fui estudar (n)uma comunidade branca no Golfo do México. Descobri que ali ocorrera um massacre de negros patrocinado pela Ku Klux Klan. O massacre de Rosewood, que denunciei, transformou-se em filme com conhecidos atores como John Voigt, de “Midnight Cowboy".

- O Professor George Zarur, nascido no dia 10 de julho de 1946, denunciou o massacre de Rosewood, ocorrido 23 anos antes do seu nascimento, que  ocorreu durante o inicio do mês de Janeiro de 1923.
http://www.law.ufl.edu/media/constitution.shtml
http://www.blacklistedmag.com/news/ufcampus/95-typography
http://dlis.dos.state.fl.us/fgils/rosewood.html
http://www.georgezarur.com.br/curriculo/

Eunice Ribeiro Durham – Antropóloga. Doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP). Desigualdade educacional e quotas para negros nas universidades.

- "Entretanto, há outros setores e instituições sociais nos quais a discriminação racial e a manifestação do preconceito foram de fato neutralizados: o vestibular para ingresso nas universidades públicas é um deles.

Alunos de qualquer raça, nível de renda, sexo, são reprovados ou aprovados exclusivamente em função de seu desempenho. Isto significa que os descendentes de africanos não são barrados no acesso ao ensino superior por serem negros, mas por deficiências de sua formação escolar anterior."

Gostaria de perguntar a Sra. Durham se o reconhecimento desta deficiência é causa justa de exclusão agora, pois ninguém nega que existem falhas no sistema educacional brasileiro, no entanto, nos Estados Unidos onde o orçamento para a educação é imensamente maior que no Brasil e ainda assim enfrenta similares problemas no ensino de base, é realista a proposta de esperarmos a melhoria deste sistema para somente então estendermos programas voltados a igualdade de seres humanos? Da mesma forma, quando admitimos deficiências em vários setores públicos e sociais, devemos esperar a melhoria geral do sistema para tomar medidas que melhorem as vidas dos mais desprivados? Alguém teria coragem de dizer, "só temos condições de fazer um numero x de transplantes de corações, então os pobres segurem as pontas até que o sistema conforme com o ideal?"

Ao admitir a existência do racismo no setor privado enquanto dizemos que o vestibular mantem neutralidade discriminativa, não está escondido nestas palavras uma certa insinuação que os negros são inferiores intelectualmente? Pois de que adianta ter um diploma de curso superior se na sua função pratica, que é obter um emprego de qualidade com justo salario, o formando será discriminado e  obrigado a enviar os seus filhos para o mesmo sistema educacional, que como a Sra Durham mesmo citou, é deficiente, e portanto a causa deles serem "barrados no acesso ao ensino superior"?

Será que para nos tornamos em uma civilização que não vê cor, devemos exigir que duas pessoas com capacidades iguais tenham igual desempenho quando um caminha descalço e o outro dirige um automóvel?

- "Convém lembrar que, nos Estados Unidos, os critérios de admissão para o ensino superior não são baseados exclusivamente em provas que avaliem a capacidade de desempenho escolar, mas incluem inúmeras outras considerações, variáveis de uma universidade para outra, as quais podem levar em conta o fato dos candidatos serem filhos de ex-alunos, ou dos pais terem feito doações financeiras para a instituição, ou terem talento para os esportes, ou serem homens ou mulheres ou ainda, inclusive, a  origem étnica dos postulantes. Este sistema permitiu, no passado, que negros fossem impedidos de ingressar nas universidades em virtude de sua condição racial e mulheres fossem excluídas em função do gênero, o que não acontece nos vestibulares brasileiros."

A Sra. Durhan, eu gostaria de lembrar que barreiras visando o impedimento do desenvolvimento do negro não foi algo existente somente no passado, esta é uma realidade atual. E a comparável preparação até o vestibular brasileiro discrimina contra os negros porque este canyon financeiro inegável e intransponível, segregando as famílias brancas e famílias negras, influencia a falsa percepção de que alguns alunos estão mais aptos e preparados porque tiraram alguns pontos a mais nas provas vestibulares. Gostaria também de lembrar que as mulheres sempre demonstraram resultados superiores tanto nas provas dos vestibulares como nos resultados finais da conclusão do curso superior, e se de fato queremos alegar que a recompensa há de ser baseada no mérito, não seria correto que a nossa sociedade abraçasse este principio, e que os homens voluntariamente cedessem suas posições hierárquicas nas empresas de negócios, hospitais, engenharias, faculdades, etc e permitissem que as pessoas com o mérito, os verdadeiros merecedores, neste caso, verdadeiras merecedoras, ocupassem o seu lugar?


Ibsen Noronha – Professor de História do Direito do Instituto de Ensino Superior de Brasília - IESB disse que "Gilberto Freyre na sua tese de mestrado pouco lida, Vida Social no Brasil Nos Meados do Seculo 19, defendeu esta tese na faculdade de ciências jurídicas, politicas e sociais na Universidade de Columbia, afirmou: "a historia deve produzir alegria, pela compreensão do passado". Estou seguro que esta afirmação surgiu na medida em que procurava obviar uma corrente que já então se fazia presente nos meios da historia que produzia ódio e revanchismo na interpretação da historia."

- É esta a real função da historia? Compreensão do passado para produzir alegria?, ou tristeza, ou o que for? Estamos a caminho de retocar as fotos do passado em busca de imagens mais sedativas e mitigantes? Estas pessoas obviamente não estão preocupadas em solidificar suas ideologias em fatos e verdade. Advirto que aqueles lecionadores no ensino de base ou superior, publico ou particular,  que ignoram a  mais básica função da historia, que é a de colheita de dados para posterior analise, não deveriam jamais ser permitidos a entrada nestas entidades com o cargo de ensinador. Para isto existe mitologia e se esta matéria é tao importante a nossa educação, que seja adotada oficialmente como parte do currículo

José Carlos Miranda, Militante do Partido Comunista do Brasil - Cita que os filhos de pessoas da elite não enfrentam estes problemas, pois têm dinheiro para mandar os seus filhos para estudar no exterior. Talvez isto explique porque há tao poucos negros brasileiros nas universidades federais brasileiras, eles estão estudando no exterior. 

- O Sr. Miranda também enumerou diversos exemplos "Onde os argumentos com base em raça, sempre foram usados pelos reacionários e pelos conservadores, de Louis Farrakhan a Idi Amin Dada; de Mussolini a Botha; de Hitler a Radovan Karadžić". Eu gostaria de adicionar Stalin a esta lista.


Nota: Com o renascimento do debate das cotas na UFRJ, a necessidade de evidenciar que a opinião da oposição é incoerente tornou-se algo importante. Eu fiz este esboço logo após as audiências publicas no STF, e não pensei que ia publica-lo. Enquanto revisava o texto, percebi que eu nem comecei a fazer a devida crítica que o material exige, mas o texto ficaria ainda mais longo. Portanto, esta análise é simplesmente a ponta do Iceberg.

5/31/10

É Reinaldo Azevedo, mas podem chamar de "Reinaldo Pinóquio Azevedo"

O desespero de destruir o oponente politico chega algumas vezes a atingir a mediocridade, camuflando-se com ataques e acusações a mídia tradicional, inflada de retóricas vazias se dirigindo a esta como “dominada pela esquerda”.

Não sei se por idiotice ou preguiça mental, Reinaldo Azevedo decidiu em mais uma das suas dissertações ilógicas, usar um artigo escrito por  Gerald Warner, e publicado no Telegraph, versão digital do jornal Daily Telegraph, jornal britânico de obvia tendencia conservadora. É importante mostrar aqui a ironia, pois o Reinaldo acusa toda a mídia de ser esquerdista e usa um jornal conservador para ilustrar a sua vigarice.

Segundo o artigo intitulado “É Barack Hussein, mas podem chamar de “Barack Fidel Che Obama”, publicado na Veja em 17 de julho de 2009, o presidente Obama “resolveu dar um cavalo de pau na doutrina Monroe, que estabeleceu as Américas como área de influência dos EUA”. Isto seria porque Barack Obama, respondendo a crise militar de 2009 em Honduras, disse que os Estados Unidos nem sempre aceitou novas democracias, mas que ao longo do tempo, tanto republicanos como democratas reconhecem que o EUA tenta estar ao lado de países democráticos, mesmo que os líderes destas democracias nem sempre são favoráveis aos Estados Unidos. O fato de que o presidente hondurenho, Manuel Zelaya fez uma aliança com “marxista Chavez”, e sendo o marxismo uma “influência” europeia, Obama não somente deixou de seguir a doutrina Monroe, mas era também um marxista. Dá para compreender a desonestidade intelectual nesta "brilhante" dedução?

Continuando, a doutrina Monroe foi introduzida no dia 2 de dezembro de 1823 pelo então presidente americano James Monroe, que entenderia futuros atos de colonização ou interferência por parte de governos Europeus nos países do hemisfério americano como um ato de agressão. Esta doutrina também dizia que os Estados Unidos não iria interferir em guerras ou conflitos relacionados aos países europeus e suas colonias existentes, “pequeno” detalhe importante que os nossos tomadores de kisuco omitiram.

A doutrina foi revelada pelo presidente Monroe durante o discurso de Estado e União, e era um aviso aos poderes europeus para deixar “as Américas para os Americanos”. Não confundir isto com “as Américas para os Estados Unidos”. Esta doutrina foi ampliada de forma controversa em 1904 pelo Corolário Roosevelt. O presidente conservador Theodore Roosevelt emendou a doutrina Monroe com o Corolário afirmando que os Estados Unidos tinham o direito de interferir e estabilizar assuntos econômicos do Caribe e América Central se estes estivessem em delitos crônicos no pagamento das suas dívidas internacionais. Esta emenda foi duramente criticada, pois colocava os Estados Unidos como policia hemisférica e violava a intenção inicial da doutrina Monroe, que originalmente foi recebida calorosamente e com sincera gratidão por lideres da América Latina, apesar deles acreditarem que a doutrina era inefetiva e não passava de uma ferramenta para politica interna, sem real intenção de transforma-la em ação, caso surgisse a necessidade.

Os críticos do Corolário de Roosevelt estavam corretos, pois posteriormente isto seria uma desculpa utilizada por vários presidentes Americanos interferindo de forma irresponsável em varias ocasiões contra países latinos americanos, sem estas interferências terem qualquer relação com a doutrina original e suas intenções. Isto aconteceu em varias ocasiões quando os Estados Unidos invadiram e ocuparam a Cuba em (1906-1910), a Nicarágua (1909-1911, 1912-1925 e 1926-1933), Haiti (1915-1934), e a República Dominicana (1916-1924). Nenhuma destas interferências tinha quaisquer relações com influencia europeia, e sim a ver com conservadores Americanos tentando implantar nestes países governos que fossem favoráveis aos interesses políticos e econômicos dos EUA.

Finalmente, o presidente Calvin Coolidge decretou que os Estados Unidos não tinham direito a intervenção exceto sob ameaça de países europeus, revertendo o infame corolário e restaurando a doutrina Monroe a sua intenção original. Subsequentemente, o sensato presidente Franklin D. Roosevelt rejeitou intervenções futuras nos assuntos internos de países latinos, iniciando a politica de boa vizinhança.

Agora que expliquei a doutrina Monroe em contexto histórico e fatos, nos perguntamos: de qual forma os comentários do presidente Obama o qualificam como marxista, ou anti-americano? Esta retórica irresponsável não é atípica do midiagate, ela é simplesmente uma evidência de como os seus integrantes distorcem pequenos detalhes de passagens desconhecidas numa tentativa de revisar a historia, obviamente com intenção de influenciar as mentes e decisões de todo um povo, ou pelo menos uma parte dela a escolherem os seus lideres.

Eu sou defensor mordaz dos direitos de expressão, e apesar de entender que o mesmo tem ser exercido com cautela, não creio ser o papel do governo limita-la, ou muito menos proibi-la. Simultaneamente o direito de expressão não da a um individuo o direito de acusar outras  conscientemente sabendo que são falsidades. O que fazemos então quando os midiagates fazem isto com pessoas que não temos relação alguma, seja parentesco, pessoal ou profissional? Nos denunciamos, nós expomos, nós dizemos em alto e bom tom que  estas estão traindo não somente a confiança publica, mas também o respeito que a eles foi depositado.

Sim, o marxismo tem raízes europeias mas o mesmo e verdade em respeito a outras filosofias políticas, econômicas e sociais, portanto a acusação de que o presidente americano está abandonando a doutrina Monroe é um sofismo, visto que os acontecimentos em Honduras de 2009 não foi teve a interferência de qualquer nação europeia. Ironicamente o mesmo não é verdade quando líderes conservadores estavam em controle na Casa Branca.

Dois exemplos que demonstram isto claramente são atribuídas a dois presidentes conservadores, Dwight Eisenhower e Ronald Reagan. O primeiro permitiu que a União Soviética introduzisse o comunismo na pequena ilha caribenha, apos apertar o país com um embargo econômico que seguiu a revolução cubana. O embargo econômico na pequena ilha não deu ao governo cubano outra alternativa senão recorrer ao auxilio da União Soviética que vendo a oportunidade, moveu-se rapidamente com apoio militar e econômico para auxiliar o novo governo cubano perto do fim do mandato de Eisenhower. O resultado foi catastrófico e provocou uma crise que colocou todo o mundo a beira de um holocausto nuclear, prevalecendo o  bom senso, responsabilidade e incrível trabalho diplomático, combinados com pressão militar, de um jovem presidente liberal chamado John Kennedy, ainda que sob pressão de generais americanos que pouco compreendiam de diplomacia, e chegaram a sugeriram entre outras coisas, um ataque nuclear contra a ilha de Cuba. Quando Kennedy tomou posse da presidência, a influencia Soviética já estava estabelecida e Cuba havia se tornado em uma importante posição estratégica militar para o presidente Andruscha, pois posicionava misseis de alcance médio a 90 quilômetros da costa sul dos estados Unidos. A situação mais tensa da historia Americana foi revertida com uma única causalidade, o bravo piloto major Rudolf Anderson que teve o seu avião U-2 abatido durante uma missão de espionagem aérea sobre áreas onde os silos de misseis nucleares estavam sendo construídos e armazenados. Ainda mais escandaloso foi o presidente Eisenhower ter criado a doutrina Eisenhower em 1957, no qual outros países poderiam pedir assistência econômica e/ou militar para os EUA, se este fosse ameaçado de agressão armada por outro estado. O seu alvo principal era a união soviética e a doutrina assegurava o uso de forças armadas para proteger quaisquer países que fosse ameaçado por nações controladas pelo comunismo internacional. Como se vê, conservadores têm retorica mais forte que as suas acoes.

A segunda foi quando o presidente Ronald Reagan não somente ignorou, mas apoiou sua companheira e também conservadora Margareth Tatcher que usou as forças armadas britânicas para atacar forças argentinas nas ilhas malvinas. Argumentos podem ser levantados de que as ilhas Malvinas já eram um protetorado Britânico quando a guerra aconteceu, mas isto dificilmente serve para desculpar o seu apoio, enquanto a doutrina define a posição dos Estados Unidos como neutra em semelhante situação.

A propósito, o autor original do artigo no Telegraph, Gerald Warner tem o prefácio de um dos seus livros escrito por ninguém menos que a própria Margareth Tatcher. Conveniente, não é verdade Sr. Azevedo?

5/18/10

Excesso de Cor , Falta de Cérebro – O Debate no Mérito que Demétrio Magnoli Busca.

Sem dúvidas, Demétrio Magnoli tem linguagem elegante, atrativa, e ele tem reconhecimento nacional entre as "elites intelectuais", com colunas e artigos nos jornais e revistas de maior reconhecimento e peso na mídia Brasileira. É um excelente debatedor (em monólogos) e tem um grande numero de admiradores, incluindo políticos e apresentadores.

Apesar de fazer duras criticas a Demétrio Magnoli neste artigo, gostaria que fosse compreendido que mais importantes, são as fontes para a minha refutação. Para que não existam duvidas, com pequenas exceções, as minhas fontes não são outras senão as autobiografias, discursos e textos do próprio Frederick Douglass. Não somente usarei tais textos, mas também fornecerei fontes disponíveis na internet onde estes trabalhos podem ser localizados, e sugiro o uso do tradutor google, se esta for a escolha do leitor. O tradutor Google não e perfeito e deixa a desejar em concordância ou outras áreas, mas é uma ferramenta importante a fim de claridade.

Isto tem significância porque aqui se esconde um segredinho podre que descobri sobre esta introdução. Eu não estarei revelando este segredo por algum tempo devido a simples razões: irritar os leitores, principalmente os fãs e o próprio autor, Demétrio Magnoli.

Demétrio Magnoli é "doutor" em "geografia humana" pela USP, venerado pela mídia como um “especialista de política exterior”, demonstra que mesmo tendo passado no vestibular e ter conseguido seu doutorado em uma das melhores universidades do país, não é digno de qualquer mérito, como ele quer exigir de alunos ingressantes ao ensino superior, em sua cruzada contra as Ações Afirmativas.

Tudo indica que a Universidade de São Paulo não lhe permitiu lecionar, e o “especialista” rejeitado chegou até a pedir a lista de quem votou contra a sua aprovação como lecionador, provavelmente para saber se tinha algum marxista. Aparentemente, sua rejeição acadêmica foi vista positivamente por agentes da mídia que resolveram usar os seus serviços como opinador profissional, e as portas se abriram para que todo o país tivesse suas asneiras empurradas nas paginas de jornais, revistas, livros, entrevistas e debates, onde a sua audiência vibra como se estivesse em frente a própria Sarah Palin, ex candidata a vice presidente dos Estados Unidos. Outra figura celebrada como politica hábil. Tão capaz de governar um país que teve que contratar um administrador para cumprir com suas obrigações de prefeita de Wassila no Alasca, cidade com população inferior a 5 mil habitantes e orgulhosa capital da metanfetamina do estado. Magnoli e Palin formariam uma dupla infalível. O apoio conservador já esta seguro. Vejam o link: http://www.usp.br/sg/decisoes2001/e04_09.htm

Acusações são vazias e repreensíveis sem a apresentação de evidências. Os brasileiros estão sedentos por informações e são escassas as obras que com veracidade relatam a história alem das nossas fronteiras. A introdução do livro é convidativa e o geógrafo atiça a curiosidade do leitor com a promessa de revelar a historia do mito das raças, confinando a maior parte do conteúdo aos fatos ocorridos nos Estados Unidos. O livro é repleto de falsidades, omissões, e distorções. Contudo, se os leitores que adquiriram o livro, buscavam apoio sustentando idiotices e ideologias, não se importando com a verdade, eles nasceram um para o outro. Neste artigo, focalizo na introdução do livro e corrigirei os "fatos", demonstrando que seria impossível a Demétrio Magnoli sustentar suas opiniões sem mentir descaradamente. Eventualmente demonstrarei que basicamente quase todo material produzido por Magnoli não passa de charlatanismo, falsidades, mediocridade acadêmica e racismo encoberto.

Um debate ideológico é importante e necessário, mas como fazer isto sem fatos?

Num mundo perfeito, eu evitaria a reprodução do conteúdo das matérias de Magnoli, mas infelizmente, o leitor não compreenderia detalhadamente que ao comprarem o livro eles não somente desperdiçaram seu dinheiro, mas também alguma massa cerebral. Vou utilizar a tinta vermelha representando Magnoli e a preta corrigindo os fatos. O texto de Magnoli está disponível na integra aqui. Isto é importante pois seria tremenda hipocrisia reproduzi-lo fora de contexto para critica-lo, e como irão observar, não o fiz. Nota-se também que Magnoli descreve inúmeros "fatos" sem dar referencia alguma a eles, o que é incomum em livros respeitados, porém é comum a mentirosos e falsários. Algumas destas correções aparentam não terem grande importância, mas contribuem na formação de uma narrativa tendenciosa, demonstrando a ineptidão e desqualificação de Demétrio Magnoli.

EXCESSO DE COR

Frederick Douglass nasceu escravo, numa cabana em Maryland, em 1818. Sua mãe morreu quando ele tinha 7 anos. Não há certeza, mas possivelmente ela surgira da união entre um africano e um índio americano. O menino nunca conheceu o pai, mas um dia afirmou ter recebido a informação de que seria um homem branco, talvez o proprietário daquelas terras e dele mesmo. De qualquer forma, quando seu presumido pai morreu, ele tinha 12 anos e foi transferido para a família dos Auld, em Baltimore.

Frederick Douglass nunca soube a data exata do seu nascimento, nem sequer o ano. Não podendo conhecer a sua idade certa, ele descreve este fato como "fonte de infelicidade até mesmo durante a minha infância", acrescentando: "As crianças brancas podiam dizer as suas idades. Eu não podia dizer porque eu era privado do mesmo privilegio". Em 1880 quando ele se reencontrou com o seu antigo "senhor" Thomas Auld, foi dito que nasceu em fevereiro de 1818, mas mesmo os documentos arquivados do seu primeiro "senhor" Aaron Anthony não eram conclusivos, pois foram incluídos posteriormente aos outros papeis, e com caligrafia diferente das outras. (1)

Douglass acreditava que seu pai não somente era branco, mas era o seu próprio "senhor" Aaron Anthony, de acordo com o que havia escutado em conversas. Isto foi repetido por Frederick Douglass em suas auto biografias, não em uma afirmação casual como Magnoli tenta diminuir. Magnoli minimiza esta possibilidade, ajoelhando-se diante do desmentido mito da democracia racial Brasileira, criado por Gilberto Freyre, que acentua a miscigenação brasileira para fundar suas teses.(2)

O título do livro em si é ambíguo com a sua proposta: ele exalta que o racismo Americano é obvio pelas leis de anti miscigenação, mas dá um tiro pela culatra falando da regra de "uma gota de sangue". Esta regra que considerava como negro as pessoas com ancestralidade negra, não existiria sem a miscigenação. De fato existiram leis contra a miscigenação nos Estados Unidos, mas como se criaria tais leis se não houvesse relacionamento entre brancos e negros? A miscigenação nos Estados podem não ter acontecido em grande escala como no Brasil - isto devido a fatores estatísticos e tipo de colonização - o que não é evidencia conclusiva que a ausência da mesma lei no Brasil prove a ausência do racismo.

Sophia Auld, a esposa de seu novo proprietário, não era uma figura qualquer. Sem que o marido soubesse, e desafiando uma lei, ela ensinou o garoto a ler e escrever. Por meio de Sophia, Douglass descobriu o The Columbian Orator, uma coletânea escolar de discursos patrióticos e poemas nos quais ele encontrou a ideia de igualdade entre os seres humanos. Nos anos seguintes, teve diferentes proprietários e chegou a ensinar dezenas de escravos a ler o Novo Testamento em aulas dominicais numa igreja negra. Em 1838, na segunda tentativa, conseguiu fugir, disfarçado de marinheiro, por trem e vapor, para New Bedford, Massachussets, onde se tornaria um dos mais importantes líderes abolicionistas dos EUA.

Sophia Auld somente iniciou sua alfabetização, e quando ele estava começando a aprender soletração de palavras de 3 ou 4 letras, o seu "senhor", Thomas Auld descobriu o que estava acontecendo e proibiu a sua esposa de continuar ensinando Douglass a ler, argumentando que "Se você dá um "negro" (ele usou a palavra mais pejorativa no idioma inglês) uma polegada, ele tomará o braço. O "negro" não deve saber nada, senão obedecer a seu senhor". (3) A própria Sra Auld passou a vigia-lo a partir deste momento para assegurar que ele não iria aprender a ler, opondo-se de forma ainda mais violenta que seu próprio esposo. Douglass aprendeu a ler por conta própria e com o auxilio de crianças pobres em Baltimore, às escondidas, quando ele roubava pão dos seus "senhores" e trocava por lições. (4) Douglass comprou o livro "The Columbian Orator" escondido, e com dinheiro que juntou fazendo pequenos "bicos". Ele adicionou que "nada a deixava mais irada que vê-lo com um jornal." (5)

Outra coisa que muito me chamou a atenção foi a descrição de Sophia Auld, que “não era uma figura qualquer”. Para Magnoli, o simples ato de alguém ver uma criança negra como ser humano por um minuto sequer e ensinar esta criança algumas letras, faz pairar sobre ela uma aura celestial. Um ato sublime e divino que a separa de todos seres humanos. Mais adiante, verificarão que Magnoli descreve como radical, um homem disposto a morrer lutando contra a escravidão.

Sophia Auld também não desafiou a lei pois não era proibido educar escravos no estado de Maryland. Não sei de onde Magnoli tirou isto. (6)

O discurso de Douglass do 4 de Julho foi pronunciado em 1852, no Corinthian Hall da cidade de Rochester, Nova York, um lugar hoje transformado em estacionamento no qual discursariam Ralph Waldo Emerson, Charles Dickens e o também abolicionista William Lloyd Garrison. Entre a fuga da escravidão e o convite para se pronunciar na data nacional americana, Douglass colaborou com a Sociedade Americana Antiescravista, escreveu uma autobiografia precoce que fez enorme sucesso, visitou a Irlanda e a Grã-Bretanha, publicou jornais abolicionistas. Na viagem ao exterior, conseguiu oficializar a sua condição de homem livre, comprada por simpatizantes britânicos, e encontrou-se com Thomas Clarkson, o maior abolicionista inglês, que morreria meses depois, aos 81 anos. O North Star, um dos jornais que criou, tinha como dístico a frase “o Direito não tem sexo – a Verdade não tem cor – Deus é o pai de nós todos e somos todos irmãos”.

Frederick Douglass a conselho de amigos, fugiu para a Irlanda e Inglaterra por medo de ser capturado por caçadores de recompensa, assim que o seu nome começou a ser divulgado. (7) Ele fez bom uso da viagem, mas isto não significa que ele foi a turismo.

O caminho de Douglass rumo ao movimento abolicionista foi aberto por um encontro com Garrison, o editor do jornal The Liberator, que falava a uma plateia antiescravista. O ex-escravo tinha 23 anos. Convidado a contar sobre sua vida, causou forte impressão no respeitado abolicionista, um jornalista e reformador filho de imigrantes do Canadá. Os dois homens colaboraram estreitamente, até que uma divergência filosófica os separou.

Garrison classificava a Constituição americana como um abominável contrato escravista e, em 1854, chegou a queimá-la em público, provocando animada celeuma. Douglass refletiu muito sobre o assunto e, sob a influência de Lysander Spooner, um anarquista individualista, concluiu que, ao contrário do que apregoava Garrison, a Constituição é, essencialmente, um documento antiescravista. No texto constitucional, o instituto da escravidão encontra-se implícito nas seções 2 e 9 do artigo 1°, que mencionam “todas as outras pessoas” (isto é, os escravos) ou a importação de pessoas (isto é, o tráfico escravista). Entretanto, só está explícito numa Emenda fracassada, de 1861, que pretendia proibir o Congresso de interferir em leis estaduais escravistas, e na célebre 13ª Emenda, de 1865, que aboliu a escravidão. Douglass extraía disso, sobretudo da força do princípio constitucional da igualdade, as razões para seu apego ao texto fundador da nação americana. A acusação de Douglass, no Quatro de Julho de 1852, não se voltava contra os princípios fundadores dos EUA, mas contra a traição a eles:

Não é surpresa que a superficialidade e pobreza de espirito de Demétrio Magnoli o impedisse de compreender este importante discurso (que em breve espero traduzir ou encontrar tradução para publicar na integra). Na realidade, Douglass dirigiu-se aos "Pais Fundadores" em uma mescla de admiração e reservas, pois no seu discurso ele exalta os seus princípios de liberdade expressos na Declaração da Independência e Constituição, mas os contrasta com as suas falhas em estende-la a todos. Frederick Douglass deixa claro que os fundadores da nação foram memoráveis ao definirem os direitos naturais e as dadivas divinas, mas falharam em enxergar os negros como seres humanos. (8)

Outra demonstração desta grotesca introdução do livro de Magnoli, e que posteriormente, Douglass reconheceu a constituição como insuficiente para assegurar os direitos de todos os homens e argumento anti-escravagista sem as emendas adicionadas após a presidência de Lincoln. (9) Douglass também descreveu sem ambiguidade que a sua aproximação a este ponto de vista não era simbolismo demagogo, como faz Magnoli, mas detalhada tática legal refutando os sulistas e escravistas que usavam a constituição para justificar a escravidão, incluindo argumentos diante a Corte Suprema que arriscavam trazer a escravidão ate mesmo aos estados que já a haviam abolida. Uma decisão desta magnitude teria efeito devastador em todo território nacional. (10)

A própria proclamação da abolição feita por lincoln através de duas ordens executivas, foi sabiamente transformada em emenda constitucional devido a receios que poderiam ser interpretadas pelos estados em rebelião como medidas temporárias, validas somente durante a guerra civil. (11)

De pé, aqui, identificado com o americano cativo, fazendo meus os males que o afligem, não hesito em declarar, de toda a minha alma, que o caráter e a conduta desta nação nunca me pareceram mais deploráveis (entrevadas) que neste 4 de Julho! [...] Os EUA são falsos com o passado, falsos com o presente e solenemente se consagram a serem falsos com o futuro. Nesta ocasião, ao lado de Deus e do oprimido e ensanguentado escravo, eu ousarei (vou)– em nome da humanidade que é ultrajada, em nome da liberdade que é acorrentada, em nome da Constituição e da Bíblia, que são desprezadas e iludidas (pisoteadas)– a desafiar (atrevo-me em questionar) e denunciar, com toda a ênfase que posso reunir, tudo o que serve para perpetuar a escravidão – o grande pecado e a vergonha dos EUA.

No pequeno [...], Magnoli desgraçadamente omite a alma do paragrafo para caber aos seus propósitos: "Se nos voltarmos para as declarações do passado, ou para as declarações solenes do presente, a conduta da nação parece igualmente horrível e revoltante."
Ali estava Frederick Douglass, um homem negro levantando sua voz diante de uma audiência branca dizendo: Mas imagino ouvir alguém do meu público dizer: "É nesta mesma circunstância que você e seus irmãos abolicionistas deixam de fazer uma impressão favorável sobre a mente do público. Discuta mais, denuncie menos; convença mais, e repreenda menos; sua causa seria muito mais provável a ter sucesso. " Mas eu digo, de uma forma clara, não há nada a ser discutido. Qual ponto do credo anti-escravidão que você quer que eu defenda? Em que ramo deste assunto as pessoas deste país precisam de luz? Devo proceder para provar que o escravo é um homem?

E Douglass continua: "O que é isso, mas o reconhecimento de que o escravo é um ser moral, intelectual e responsável? ...Quando os cães em suas ruas, quando as aves do céu, quando o gado em suas colinas, quando os peixes do mar, e os répteis que se arrastam, são incapazes de distinguir o escravo de um animal, então eu vou discutir com que o escravo é um homem! " (12)

O abolicionismo de Douglass representava uma forma de adesão aos EUA – não o país da escravidão, mas o da liberdade anunciada na Declaração de Independência e na Constituição. Ele tentou demover o abolicionista radical John Brown de seu plano de organizar uma rebelião armada no Sul e desaprovou o ataque ao arsenal federal de Harpers Ferry, na Virgínia Ocidental, primeiro e fracassado passo do projeto insurrecional. Com a eclosão da Guerra Civil, precipitada pelo ato de Brown, Douglass conclamou os negros a se engajarem nas tropas da União e, em 1863, conversou com Abraham Lincoln sobre o tratamento que se dispensava àqueles soldados.

O tratamento trivial dado ao nome de John Brown é no minimo repreensível, pois o tom climático de Magnoli dá a impressão que o "abolicionista radical" estava errado, principalmente por não ser demovido por Frederick Douglass, um homem de razão. O fato é que Douglass tentou persuadir Brown a desistir do ataque porque eles eram grandes amigos, e considerava a iniciativa suicida. Mas a admiração que ele tinha por John Brown não foi enterrada ou omitida.

Em homenagem emocional ao grande espírito e caráter de Brown, ele deixou as seguintes palavras: "Será que John Brown falhou? Ele certamente errou de sair de Harper's Ferry, antes de ser abatido por soldados dos Estados Unidos, ele deixou de salvar sua própria vida, para conduzir um exército libertador para as montanhas da Virgínia. Mas ele não foi para a Harper's Ferry para salvar sua vida. A verdadeira questão é, Será que John Brown, ao desembainhar a espada contra a escravidão, assim perdeu a sua vida em vão? A isto respondo dizendo dez mil vezes que não! Nenhum homem falha, ou pode falhar quando grandiosamente dá a si mesmo e tudo que ele tem uma causa justa." e que "Eu podia viver pelos escravos, John Brown podia morrer por eles." (13)

Depois da guerra, defendeu o sufrágio universal e os direitos das mulheres. Durante os anos da Reconstrução, um tempo curto de reformas liberais nos estados da antiga Confederação, Douglass presidiu um banco federal voltado para o desenvolvimento das comunidades negras no Sul, apoiou as iniciativas de repressão à Ku Klux Klan e serviu em postos diplomáticos no Haiti e na República Dominicana. Em 1876, pronunciou seu discurso mais comovente na cerimônia de inauguração do Memorial à Emancipação (também conhecido como Memorial a Lincoln), em Washington.

Banco Federal voltado para o desenvolvimento das comunidades negras no sul? Uma instituição "racialista" federal voltada para o desenvolvimento de cidadãos baseados na sua cor da pele? Ações Afirmativas racistas? Demétrio Magnoli neste caso fala a verdade ao citar o Freedman's Saving Bank, criado pelo "racialista" Abraham Lincoln e que teve como presidente Frederick Douglass, filho de um homem branco e uma mulher negra. (14)

A Reconstrução terminou em 1879, quando as velhas elites sulistas retomaram o controle dos governos estaduais. Diante da reação, formou-se um movimento que chamava os negros a deixarem o Sul, transferindo-se para comunidades fechadas no Kansas. Douglass reprovou ativamente a iniciativa e tomou a palavra em reuniões do movimento para, enfrentando as vaias das plateias, dissuadir os negros da ideia de separação física. Ele conclamou à resistência e, nas piores condições, continuou a acreditar no sonho da nação única.

A reconstrução terminou em 1877. Diante da violência experienciada pelos negros libertos no sul, um movimento que ficou conhecido como Exodusters, chamava ex escravos para se deslocarem para o Kansas. Douglass não se opôs porque sonhava com uma nação unida, como diz Demagogo Magnoli, mas porque achou o movimento mal organizado e vários outros motivos políticos, alem do movimento coincidir com uma epidemia de febre amarela nas cidades beira rios a caminho do Kansas, o que tornou a situação ainda mais calamitosa. Os moradores locais, na ignorância da época pensavam que a febre amarela estava sendo transmitida pelos recém libertos escravos.

De certa forma, pode-se atribuir a Douglass a criação do movimento negro organizado com fins políticos. No seu discurso contra o êxodo, nem uma vez ele fala de “nação unida”, mas fatores sociais, econômicos , constitucionais e representação politica dos negros como “um povo” ou “uma raca”. (15)

Infelizmente, Douglass errou ao acreditar que a constituição americana por si traria a solução da crescente violência contra os negros no sul, assim como subestimou as manobras politicas extirpando o negro do poder do voto. É notável que antes mesmo da guerra civil, Douglass chegou a fazer planos com o Presidente Lincoln para remover toda a população negra do sul do país. Douglass também levou em consideração que os negros sofreram por muito tempo para abandonarem territórios que tinham direito de viver como cidadãos livres. Para Douglass, permanecer no sul não buscava a mensagem de unidade, mas de desafio. Ele também justificou que numericamente, eleitores republicanos da época - que ideologicamente são os democratas atuais – já eram bem representados no norte, e que o êxodo diminuiria a representatividade eleitoral do negro no sul.

A outra razão não foi o "sonho da nação única", mas o fato que o abandono dos territórios do sul diante a crescente perseguição destruiria o espirito que sacrificou a tantos durante a guerra: milhares morreram não simplesmente para libertar os escravos do sul, mas expandir a liberdade por todo território nacional. Sem negros libertos vivendo no sul, a guerra teria sido redundante. (16)

Anna Murray Douglass, a esposa com quem Frederick viveu desde a fuga do cativeiro, morreu em 1882. Dois anos depois, ele se casou com Helen Pitts, uma feminista branca de Nova York, desafiando o tabu que pesava contra as uniões inter-raciais. Em 1888, na Convenção Republicana, um delegado do partido votou em Douglass para candidato a presidente dos EUA Num comício em Jacksonville, na Flórida, 120 anos mais tarde, um dia antes da eleição presidencial, Barack Obama concluiu seu discurso parafraseando Douglass: “Não imaginem por um minuto que o poder cederá qualquer coisa sem uma luta...”.2

Outro tabu foi a diferença de idade entre Douglass e Helen Pitts que na época tinha 46 anos de idade e Douglass tinha 67. Esta diferença de quase 20 anos é curiosa, uma vez que senhores sulistas (a grande maioria pedófilos) não tinha qualquer receio em estuprarem crianças negras, algumas destas com 10 anos de idade.

Barack Obama também não parafraseou Douglass. Esta citação esta no livro de “A Audacidade da Esperança” de autoria do presidente, porem ele esta se referindo a luta sangrenta que foi a guerra civil americana e o derramamento de sangue necessário para trazer a igualdade que as palavras na constituição não trouxeram. Este espirito de luta no seculo 19 não e o mesmo buscado pelos grupos de direitos civis americanos ou brasileiros. Alias, a forma digna e conduta do movimento negro Brasileiro e moldada pelo espirito pacifico e incansável como exibido por Martin Luther King Jr.

“O melhor que posso fazer em face da nossa história é lembrar-me que não tem sido sempre o pragmatismo, a voz da razão, ou a força do compromisso, que criou as condições para a liberdade. Os duros, frios fatos (de água) me fazem lembrar que foram inflexíveis idealistas como William Lloyd Garrison, que soou a primeira chamada de clarineta por justiça, que foram ex-escravos e escravos, homens como Denmark Vesey e Frederick Douglass e mulheres como Harriet Tubman, que reconheceram que o poder não admitiria nada sem luta. Foram as profecias de olhos arregalados de John Brown, sua disposição de derramar sangue, e não apenas palavras em nome de suas visões, que ajudaram a forçar a questão de uma nação metade escrava e metade livre.” (17)

Os campos de batalha são os tribunais, o piso parlamentar e o coração de cada brasileiro. As únicas ameaças de violência partem senão dos mais ávidos oponentes as acoes afirmativas e direitos civis, que constantemente avisam do “perigo” existente do governo reconhecer a existência de desigualdades através da cor da pele de cada cidadão, esquecendo-se que a mesma constituição determinando “ a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível” jamais poderia ser aplicada sem que o nosso governo e o sistema judiciário identifique a vitima e o agressor pelos mesmos requisitos.

O resto da introdução é basicamente a reciclagem das mesmas bestialidades que já foram corrigidas acima. No entanto deixo claro não somente o conteúdo do livro, mas também das suas colunas nos jornais e revistas são historicamente incorretos, omissos e tendenciosos, o que não deveria surpreender os leitores. Os fatos como são, jamais permitiriam que Demétrio Magnoli tivesse uma carreira como "sociólogo", "doutor em geografia humana", "especialista em politica internacional" ou qualquer outro título que ele gosta de inventar. Por isto, mentir ou falar pelo cotovelo é tao importante. Só não vai enxergar quem não quer...ou está com “pó de pirlimpimpim” nos olhos.


1 - Young Frederick Douglass: The Maryland Years - Dickson J. Preston

2 - Life and Times of Frederick Douglass, pg 27

Narrative of the Life of Frederick Douglass pg 2

3 - Narrative of the Life of Frederick Douglass pg 33

4 - Narrative of the Life of Frederick Douglass pg 38

5 - Narrative of the Life of Frederick Douglass pg 37

Life and Times of Frederick Douglass, pg 103

6 - United States - Constitutional & Legal Foundations

7 - Life and Times of Frederick Douglass, 391

8 - What to the Slave is the Fourth of July? Frederick Douglass July 5, 1852

9 - Frederick Douglass, Life and Times of Frederick Douglass, pg 528

10 - Frederick Douglass, Life and Times of Frederick Douglass, pg 652 - 669

11 - http://www.ourdocuments.gov/doc.php?flash=old&doc=40

12 - What to the Slave is the Fourth of July? Frederick Douglass July 5, 1852

13 - Frederick Douglass, The Colored Orator: Holland, Frederic May, 1836-1908 pg 266 http://docsouth.unc.edu/neh/holland/holland.html

14 - http://www.archives.gov/publications/prologue/1997/summer/freedmans-savings-and-trust.html

15 - Frederick Douglass, Life and Times of Frederick Douglass, 521-532

16 - Frederick Douglass' Civil War: keeping faith in jubilee - By David W. Blight

17- The Audacity of Hope: Thoughts on Reclaiming the American Dream, By Barack Obama pg 116

Links:
Frederick Douglass, Life and Times of Frederick Douglass, Written by Himself. http://docsouth.unc.edu/neh/dougl92/dougl92.html
Frederick Douglass, My Bondage and My Freedom http://docsouth.unc.edu/neh/douglass55/douglass55.html
Frederick Douglass, Narrative of the Life of Frederick Douglass, an American Slave. Written by Himself http://docsouth.unc.edu/neh/douglass/douglass.html
Frederick Douglass What to the Slave is the Fourth of July? July 5, 1852
http://teachingamericanhistory.org/library/index.asp?document=162

Frederick Douglass, The Colored Orator: Holland, Frederic May, 1836-1908
http://docsouth.unc.edu/neh/holland/holland.html

United States - Constitutional & Legal Foundations
http://education.stateuniversity.com/pages/1628/United-States-CONSTITUTIONAL-LEGAL-FOUNDATIONS.html

Para usar o tradutor google, clique no link: http://translate.google.com/#en|pt|
O leitor tem a opção de colocar o link ou somente o trecho do texto que está interessado com a tradução.